sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Chorei

O jeans sugava aquele liquido como se estivesse com sede. Como se fosse uma gota de água na areia do deserto. Era sobre meus joelhos que aquelas lágrimas caíam.
Tinham gosto amargo. Gosto de erva verde. De sal e açúcar. Com gosto de nada, gosto de dor.
No jeans, aquela gota sumiu, mas em minha pele penetrou. Meus joelhos sugaram a gota de minha angústia. Foram dos olhos que caiu. Os olhos que vêem a alegria que a vida promete. Os olhos que encolhem quando o sorriso aparece.
A lágrima amarga que cai, alivia. Tira do corpo a amargura em excesso. Faz penetrar no tecido desbotado e velho que se recusa a sair daquelas pernas. E quando molha, a lágrima o rejuvenece. Faz escurecer a brancura que o sol e o tempo deram àquele pano. Como faz com minha alma. Cada gota que cai, faz limpar meu espírito. Cada cúbico de água amarga expelida pelos meus olhos alegra meu peito, alivia a angústia de meus dias.
A gota secou. A calça voltou a ser desbotada e velha. E minha alma lavou-se com as gotas com gosto de erva, com gosto de nada e com a certeza de que mais uma vez voltarei a sorrir. Não tenho mais dor e meus olhos inchados aguardam o seu normal. A gota sumiu. As lágrimas secaram.

3 comentários:

Anônimo disse...

Triste. Mas não é a tristeza que mata. O que mata é não sublimar. E mais do que triste, esse texto é absolutamente sublime.

Unknown disse...

Muito bom, parabéns.
Voce tem talento continue escrevendo gostei muito do que li.

Uma certa cecilia disse...

Gabi, realmente foi uma tristeza falante, gritante. Bom quando podemos transformá-la em algo de útil, como palavras.

Bernardo, obrigada pela gentileza. Espero que continue vindo aqui:)