
Tinham gosto amargo. Gosto de erva verde. De sal e açúcar. Com gosto de nada, gosto de dor.
No jeans, aquela gota sumiu, mas em minha pele penetrou. Meus joelhos sugaram a gota de minha angústia. Foram dos olhos que caiu. Os olhos que vêem a alegria que a vida promete. Os olhos que encolhem quando o sorriso aparece.
A lágrima amarga que cai, alivia. Tira do corpo a amargura em excesso. Faz penetrar no tecido desbotado e velho que se recusa a sair daquelas pernas. E quando molha, a lágrima o rejuvenece. Faz escurecer a brancura que o sol e o tempo deram àquele pano. Como faz com minha alma. Cada gota que cai, faz limpar meu espírito. Cada cúbico de água amarga expelida pelos meus olhos alegra meu peito, alivia a angústia de meus dias.
A gota secou. A calça voltou a ser desbotada e velha. E minha alma lavou-se com as gotas com gosto de erva, com gosto de nada e com a certeza de que mais uma vez voltarei a sorrir. Não tenho mais dor e meus olhos inchados aguardam o seu normal. A gota sumiu. As lágrimas secaram.
3 comentários:
Triste. Mas não é a tristeza que mata. O que mata é não sublimar. E mais do que triste, esse texto é absolutamente sublime.
Muito bom, parabéns.
Voce tem talento continue escrevendo gostei muito do que li.
Gabi, realmente foi uma tristeza falante, gritante. Bom quando podemos transformá-la em algo de útil, como palavras.
Bernardo, obrigada pela gentileza. Espero que continue vindo aqui:)
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