
Assistindo o filme O PIANISTA, de Roman Polanski só confirmei, mais uma vez, a minha convicção sobre o ser humano. Nascemos bons ou nascemos maus. Impressionei-me, talvez mais com que todo o resto do filme, com a cena em que Wladyslaw Szpilman, interpretado por Adrien Brody toca piano para o oficial alemão Wilm Hosenfeld, interpretado por Thomas Kretschmann, dentro de seu esconderijo, no gueto de Varsóvia. Um polonês judeu e um oficial nazista do exército alemão: a mesma alma. Enquanto Spzilman tocava para o oficial (por isso, sua vida foi poupada), fiquei pensando em como Hosenfeld agia perante sua tropa, perante as ordens de extermínio que recebia, perante toda a crueldade que já conhecemos desta Guerra. Teria ele se corrompido alguma vez? Teria ele assassinado alguém, a sangue frio como mostrava outras cenas do filme e de todos os outros filmes e documentários já vistos sobre este assunto? Não sei, não acredito nisso.
Ali, naquele esconderijo surgiu uma alma bondosa. Alguém que tinha a graça da bondade. Por isso, Szpilman foi salvo. O pianista, com toda certeza, se tivesse podido, teria feito o mesmo pelo oficial. Mas o alemão não pôde esperar, mataram-no antes. Hosenfeld morreu glorioso. Não diante dos olhos de uma nação, mas aos olhos de quem pôde sentir sua alma e sua intenção, mesmo que fosse somente diante daquela atitude de bondade para com o pianista.
Mais uma vez, mesmo que baseada numa obra de ficção, igualmente baseada em fatos reais, acredito na graça. Sim, aquela Graça que Santo Agostinho cita: “para salvar o primeiro elemento, tende a descurar o segundo”. Nascemos bons ou nascemos maus e conciliamos a causalidade absoluta de Deus com o livre arbítrio do homem.
Szpilman era bom. Hosenfeld era bom. E suas almas se encontraram para que uma delas fosse salva. E assim, que fossem salvas mais e mais com a sensibilidade e bondade deste pianista através de seu dom.
(Imagem da cena em que o pianista toca para o oficial)