sexta-feira, 11 de abril de 2008

Duas almas, uma vida




Assistindo o filme O PIANISTA, de Roman Polanski só confirmei, mais uma vez, a minha convicção sobre o ser humano. Nascemos bons ou nascemos maus.

Impressionei-me, talvez mais com que todo o resto do filme, com a cena em que Wladyslaw Szpilman, interpretado por Adrien Brody toca piano para o oficial alemão Wilm Hosenfeld, interpretado por Thomas Kretschmann, dentro de seu esconderijo, no gueto de Varsóvia. Um polonês judeu e um oficial nazista do exército alemão: a mesma alma. Enquanto Spzilman tocava para o oficial (por isso, sua vida foi poupada), fiquei pensando em como Hosenfeld agia perante sua tropa, perante as ordens de extermínio que recebia, perante toda a crueldade que já conhecemos desta Guerra. Teria ele se corrompido alguma vez? Teria ele assassinado alguém, a sangue frio como mostrava outras cenas do filme e de todos os outros filmes e documentários já vistos sobre este assunto? Não sei, não acredito nisso.

Ali, naquele esconderijo surgiu uma alma bondosa. Alguém que tinha a graça da bondade. Por isso, Szpilman foi salvo. O pianista, com toda certeza, se tivesse podido, teria feito o mesmo pelo oficial. Mas o alemão não pôde esperar, mataram-no antes. Hosenfeld morreu glorioso. Não diante dos olhos de uma nação, mas aos olhos de quem pôde sentir sua alma e sua intenção, mesmo que fosse somente diante daquela atitude de bondade para com o pianista.

Mais uma vez, mesmo que baseada numa obra de ficção, igualmente baseada em fatos reais, acredito na graça. Sim, aquela Graça que Santo Agostinho cita: “para salvar o primeiro elemento, tende a descurar o segundo”. Nascemos bons ou nascemos maus e conciliamos a causalidade absoluta de Deus com o livre arbítrio do homem.

Szpilman era bom. Hosenfeld era bom. E suas almas se encontraram para que uma delas fosse salva. E assim, que fossem salvas mais e mais com a sensibilidade e bondade deste pianista através de seu dom.

(Imagem da cena em que o pianista toca para o oficial)

9 comentários:

Ed Cavalcante (POST SÉRIES) disse...

eu vi esse filme duas vezes.Adoravel. o ato do oficial nazista que ajudou ele é parecido com o do Oscar Schindler. Quanto a natureza do homem: eu acho que nascemos com a índole virgem, ser bom ou ser mal depende muito das experiências de vida.Acho que se eu vivesse num barraco sem ter o que comer, dificilmente teria ânimo para atos de bondade. Com certeza seria um revoltado!

Uma certa cecilia disse...

Olá Ed... bom te ver por aqui.
Acho que ser bom ou mau não depende muito da condições em que se vive, mas sim da própria índole. As experiências de vida são testes para desenvolver a bondade ou maldade. Talvez, morando em um barraco, pode ser que tu não tenhas atos de bondade, mas se tu não fizeres o mal representa que mau, tu não és.
Cada cabeça, uma sentença, não é?

Anônimo disse...

Esse filme realmente é encantador, confesso que enquanto assistia a esse filme lágrimas rolavam em meu rosto...
Ele mostra realmente que quem nasce bom, vai morrer bom e quem é mau, se quizer pode ter sua alma transformada. É muito difícil descrever a essência desse filme e você conseguiu de uma maneira bem abrangente!
Olha, não vou te enganar, vou assistí-lo novamente esse FDS.!
Um grande abraço

Rafael Puime disse...

Eu acho que não existe isso de nascer bom ou mau. Eu acho que a gente nasce sem índole, e vai adquirindo isso com o passar do tempo, na nossa maneira de ver a vida, nos acontecimentos do cotidiano, no relacionamento com os outros... Mas eu posso estar errado!
O filme é muito bom mesmo! Assim como seu blog!
Grande Beijo

Tonnever disse...

minha professora de psico social diz que ha duas formas de desenvolvimento psicoexistencial, a intricita, ligada até a descendencia genética, e a de formação, que vai sendo adiquirida com o passar das experiencias intra-sociais. não creio muito em genes de personalidade, até que provem, creio no velho reflexo do meio, ativo na formação da personalidade do ser. Santo agostinho, gostava da forma com que ele dividia o Amor, em cáritas e cupiditas. o caritas de caridoso, amor sem espera do retorno, cupiditas o amor carnal, o amor que exige reciprocidade, das coisas que me chamaram àtenção no santo filosofico que reestrutural essa tal de igreja : )

beijos, linda : *

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Pelo seu texto dá vontade de ir correndo até a locadora e assistir ao filme!

e acho mesmo q vou fazer isso*

adorei seu blog Cecília!

beijos...

Meu blog disse...

Obrigado Cecilia! Seu blog é tambem muito bom. Uma boa semana para você e tudo de bom!
Abraço do
Fellipe

Everaldo Ygor disse...

Olá...
Assisti esse filme, muito sensivel... A musica parece mediar toda essa dualidade, esse conflito, e o cenario da Segunda Guerra, violenta a bondade de seus agentes...
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/

Pablito Barros disse...

Vi no cinema, em Sampa. Ficou difícil qualquer absorção, pois tive que dormir em um motel, pois não tinha mais condução pra ir pra casa! De qualquer maneira, Polanski é Polanski.
Mas, isso de nascermos bons ou maus é uma conclusão sua ou do Agostinho? Sto Agostinho acho que não disse isso...